E digo só que há algum tempo não me entusiasmava tanto a ler uma obra. De uma ideia simples, o autor fez um livro perfeitamente adaptável à ficção televisiva, teatral ou cinematográfica.
Recomendo vivamente...
E digo só que há algum tempo não me entusiasmava tanto a ler uma obra. De uma ideia simples, o autor fez um livro perfeitamente adaptável à ficção televisiva, teatral ou cinematográfica.
Recomendo vivamente...
No inverno as silhuetas das árvores,
Não só das árvores de todas as criaturas vivas,
Custam mais a distinguir,
Parecem não ter cor,
Arrastam-se ou dissolvem-se até em formas dificeis de descrever,...
Habituado a reescrever tudo o que tinha decorado até aí,
Fixava-me na perspetiva sonora das coisas,
No amanhecer que comparava a um adagio sinfónico,
Na força das rotinas,
Que me escapavam como o ar desperdiçado pelas pessoas,..
E foi assim que deixei de acreditar nas rotinas,
Os sentimentos serviam-se a desoras,
As estações do ano passavam sem concórdia,
E era eu que me jogava como uma pedra,
Em sentido figurado,
Pelo espaço disforme do relógio que não parava
Tirado daquise o tempo parasse,
o aqui e o agora
fossem cortes nos dedos,...
com o sangue parado,
sem cheiro,....
e uma leitura religiosa
atenuasse a dor,....
se o tempo parasse,
e uma reza desconhecida,
fosse a palavra,...
que tudo recomeçasse?
a verdade,
o baile de todos os dias,
justificado com a fluência
de insultos,....
os braços cruzados em
disputa,
a voz amarga,
os olhos ensimesmados,....
sentamo-nos com o fogo,
o sono de volúpia,
e o acordar madrugador,
com saudades,
de um afago de mãe,
de uma corrida inocente onde seja,....
o medo,
faz daqui,
o antes,
sem que o depois,
seja sequer sítio,
onde se possa duvidar
A virtude,
Sossega,
Desilude-te próximo do abismo,...
E o retorno será lento,
Abusivo,
Em desrespeito aos limites de som,
Que a dor nunca te impôs,...
É virtude sim,
À falta de melhor palavra,..
Em versos curtos como o que lês,
Abre o livro que melhor te assimila,
E tenta,
Aborda a tarefa de,...
Reconstruir a vida,
Em cima destes pressupostos
não tens de sair de casa,
primeiro o pó,
depois a vontade,
a lonjura,
sapatos por atar que te
fazem mal à postura,....
sexo barulhento que
não é contigo,
uma eucaristia duvidosa
num rádio que vai morrer,
um gato que se insinua moribundo,
no parapeito encardido,
pássaros exfusiantes que se
enganam na vida que trazem,...
e tu ainda por casa,
não saias,
o tempo pesa mais
que a ausência
Se vocês conseguirem,
As portas abrem-se,
Malraux descontrola-se,
Haverá sangue como troféu de consolação,...
Os desníveis vão acentuar-se,
Será noite mais cedo neste dia,
Basta que tentem,...
E um diamante pequeno,
Quase imperceptível,
Penderá do dedo disforme do louco da terra,....
Se conseguirem,
Haverá prémios no arregaçar de mangas dos trabalhadores,...
E não faz mal,
Já entardece por entre os dois pombos que agora me fazem refletir
não se calam as primeiras chuvas,
a brisa de ti,
incomodada pelo sol que
aquece nos olhos,
e um tempo que anda de arrecuas,...
como as lições dos mais velhos,...
e de ti,
a torre mais alta
que vigia a aldeia
mais remota desta terra,
sobra a dúvida,...
árvores que medram na dor,
erva acastanhada de morte,...
sobram coisas que não devem,...
e o frio envolve-me
num manto de conforto